21 de fevereiro de 2013

Princípios e Fundamentos da Homeopatia




O médico Paracelso (Suíço) que também atuava no campo da alquimia, afirmou, que "o homem é um composto químico, cujas doenças são decorrentes das alterações desta estrutura, sendo necessários medicamentos para combater as enfermidades." 

Foi o início do uso de medicamentos para curar as enfermidades da época (séculos XVI e XVII).

Somente no século XVIII foram extraídas várias substâncias a partir de produtos naturais, além daquelas  anteriormente conhecidas (vinho, fermentação da uva e os produtos obtidos pela destilação de várias outras substâncias). Neste mesmo século - no ano de 1777-  a química foi dividida em duas partes de acordo com Torben Olof Bergmann: Química Orgânica que estudava os compostos obtidos diretamente dos seres vivos e a Química Inorgânica que estudava os compostos de origem mineral. Entretanto, o desenvolvimento da Química Orgânica era prejudicado pela crença de que, somente a partir dos organismos vivos - animais e vegetais - era possível extrair substâncias orgânicas. Tratava-se de uma teoria, conhecida pelo nome de "Teoria da Força Vital", formulada por Jöns Jacob Berzelius, que afirmava: a força vital é inerente da célula viva e  o homem não poderá criá-la em laboratório."

Segundo a concepção filosófica homeopática, a origem primária de qualquer doença está na perturbação da força vital, entendida como uma forma de energia primordial e fundamental responsável pela manutenção da vida e do equilíbrio orgânico. Portanto, a essência do desequilíbrio da saúde encontra-se num nível imaterial (energético) no qual interagem nossas forças psíquicas (pensamentos e sentimentos) e que retrata os fatores íntimos a que cada ser é susceptível. Para atuar nesta natureza imaterial do homem, a Homeopatia utiliza medicamentos em doses infinitesimais, preparados segundo o processo farmacotécnico da dinamização (diluições e agitações sucessivas), através do qual se busca a liberação dos poderes energéticos vitaiscontidos nas substâncias, respaldado no conceito universal de que "toda matéria é energia condensada". Desta forma, o medicamento homeopático desperta uma reação vital orgânica contrária aos sintomas do desequilíbrio vigente, funcionando como um direcionador do processo de cura interior. Acreditamos que caberá à Física, futuramente, a mensuração desta forma de energia sutil (energia ou força vital), assim como o fez no passado com a eletricidade, o magnetismo, as radiações, etc. 

FUNDAMENTOS DA HOMEOPATIA:
1) PRINCÍPIO DA SIMILITUDE (LEI DOS SEMELHANTES)
2) EXPERIMENTAÇÃO NO HOMEM SADIO
3)DOSES MÍNIMAS
4)REMÉDIO ÚNICO

Cada medicamento homeopático, experimentado no indivíduo sadio, provocou uma série de sintomas (mentais, gerais ou locais), que devem ser semelhantes aos sintomas do indivíduo enfermo, para conseguirmos trazê-lo ao estado de saúde. Em vista disso, torna-se indispensável o conhecimento dos sinais e sintomas objetivos e subjetivos do paciente, a fim de podermos encontrar o remédio que mais se lhe assemelhe. Disso denota o interesse do médico homeopata por particularidades individuais, que pode ser considerado estranho por quem não entenda o modelo homeopático. Daí a necessidade de um interrogatório profundo, no qual se busca a compreensão da totalidade sintomática característica do indivíduo, manifesta na forma de ser e reagir frente ao meio e às pessoas que o cercam. Tudo que diga respeito ao paciente exprime o estado de sua força vital, desde os conteúdos imaginários e fantásticos, passando pelos sonhos, sensações, sentimentos e pensamentos, até os gerais e físicos que o caracterizam. O homeopata espera que os sofrimentos físicos e morais sejam expressos de uma forma espontânea, sincera e detalhada, a fim de que num clima de compreensão recíproca entre médico e paciente possa-se desenvolver o trabalho de equipe na busca do medicamento correto. Para isso, torna-se fundamental ao paciente e aos que o acompanham, a observação constante do seu modo de pensar, sentir e agir, procurando entender as causas profundas que o fizeram adoecer e renovando em si mesmo o diálogo interior na prática do ensinamento grego: "Conheça-te a si mesmo". Devemos frisar que o entendimento íntimo do ser humano é um trabalho árduo e que deve ser adquirido gradativamente, segundo o esforço que cada um empregue nesta tarefa de auto-análise, estando neste conteúdo de conflitos, de modo geral, o fator desencadeante para a instalação de grande parte das enfermidades. Em vista deste grau de complexidade do ser humano (equilíbrio bio-psico-sócio-espiritual), que deve direcionar a escolha do medicamento homeopático individualizante, o tratamento pode ser mais ou menos demorado, considerando-se também a gravidade e a duração da enfermidade.
Para os sintomas locais ou físicos, com os quais estamos mais familiarizados, devemos observar todas as particularidades que os tornam característicos a cada indivíduo (modalizações): tipo de dor ou sensação; localização e irradiação; época e hora de surgimento; fatores de melhora ou piora; sintomas ou sensações concomitantes; etc.
Quanto aos sintomas gerais, que representam as características generalizantes do organismo ou que se relacionam aos vários sintomas, melhorando ou agravando-os, devemos valorizar as seguintes modalidades: posições ou movimentos; temperatura, clima ou estação do ano; condições atmosféricas e do tempo; comidas e bebidas; transpiração, eliminações, evacuações; etc. 
A grande importância dada por Hahnemann aos sintomas mentais, ou seja, às características relacionadas ao pensar e ao sentir, ao caráter e à moral, mostra a compreensão ampla que ele tinha das doenças, por abordar um tema que só agora começa a ser aceito pela Medicina (psicossomática). São estes os sintomas mais difíceis de serem relatados, por constituírem um plano mais importante da individualidade e por delatarem nossas limitações e fraquezas, que por defesa, buscamos esconder a todo custo. Na escolha do medicamento, a Homeopatia Unicista tenta abranger com um único remédio a totalidade característica dos sintomas, buscando na compreensão íntima do indivíduo as suscetibilidades que o fazem adoecer. Importa frisarmos que a Homeopatia não é inócua, podendo causar sérios danos ao organismo quando mal empregada, devendo-se evitar a medicação abusiva e sem critérios precisos.
É de fundamental importância que se observe o aparecimento de qualquer mudança significativa após a ingesta do medicamento, em todos os níveis, anotando suas características particulares, época de surgimento, duração, intensidade, etc. Podem ocorrer reações de agravação, retorno de sintomas antigos, episódios febris benignos, reações de eliminação (através da pele, das secreções ou por vias naturais), indicando que o organismo está se empenhando em encontrar o seu equilíbrio e por isto, devem ser respeitadas. Geralmente, estas reações são breves e acompanhadas de uma melhora geral do quadro. O surgimento de sintomas novos incomodativos, que antes não existiam, além das agravações muito intensas e prolongadas, deverão ser comunicados ao médico.
Com estes esclarecimentos, desejamos auxiliar na compreensão de aspectos básicos aos que buscam auxílio na Homeopatia, familiarizando-os com conceitos e condutas diversas do modelo terapêutico convencional. Lembremos que a cura não significa o desaparecimento deste ou daquele sintoma em si; ela requer que o doente tenha atingido um ótimo estado de equilíbrio físico, emocional e psíquico: "No estado de saúde, a força vital imaterial, que dinamicamente anima o corpo material, reina com poder ilimitado e mantém todas as suas partes em admirável atividade harmônica, nas suas sensações e funções, de maneira que o espírito dotado de razão que reside em nós possa livremente dispor desse instrumento vivo e são para atender aos mais altos fins de nossa existência." (HAHNEMANN, Organon, § 9).Denomina-se patogenesia o conjunto de sinais e sintomas que uma substância provoca no indivíduo são, quando a ele é ministrada em doses sub-tóxicas e dinamizadas.

Hahnemann se preocupava com a intensidade das reações iniciais que uma droga provocava ao ser ingerida. Estas, dependendo da natureza do paciente, poderiam ser muito violentas. No início de sua carreira como homeopata, ele não utilizava as doses diluídas e potencializadas pela dinamização. Empregava doses elevadas do medicamento, geralmente na forma de tintura e assim, antes que o organismo doente começasse a reagir, ocorria uma agravação inicial dos sintomas pelo somatório dos naturais provocados pela doença com os artificiais provocados pelo medicamento. Isso era muito desagradável para o paciente, levando muitos deles a abandonar a terapêutica homeopática.
A princípio, empregou doses pequenas, diluindo os medicamentos em água ou álcool de acordo com determinadas proporções e observou que se o medicamento não era forte o suficiente para produzir a agravação dos sintomas, não era capaz de promover satisfatoriamente a reação orgânica. Como os resultados não foram os esperados, continuou os experimentos e além de diluir os medicamentos, passou a imprimir agitações violentas, chamadas por ele de sucussões. Hahnemann notou que além da diminuição da agravação dos sintomas e dos efeitos tóxicos das altas doses, ocorria um aumento da reação orgânica e quanto mais diluído, mais potente o medicamento. Certamente os conhecimentos que tinha de alquimia, da essência dessas substâncias, contribuíram muito para que chegasse a esses resultados. Todavia, nunca forneceu os detalhes de como descobriu o processo de dinamização.
A partir daí, Hahnemann passou a utilizar diluições infinitesimais e potencializadas pelas fortes agitações que imprimia na manipulação dos medicamentos homeopáticos e chamou esse processo farmacotécnico de dinamizações (promovem curas mais rápidas e suaves). A diluição do insumo ativo, sempre intercalada pelas sucussões, obedece a uma progressão geométrica, promovendo uma diminuição de sua concentração química e umaumento de sua ação dinâmica, que estimula a reação do organismo na direção da cura.
Cientistas observaram que até 67 sucussões há transferências eletrofísicas entre as soluções e depois disso, se tornam estáveis. O que ocorre na dinamização é que com as sucussões é liberado o campo vibracional da substância que tem correlação com campos vibracionais dos seres vivos (é isso que faz com substâncias tóxicas e inertes se transformem em grandes medicamentos). Isso é a Força Vital, ou seja, é esse “campo vibratório” despertado.

Durante a experimentação patogenésica testa-se apenas uma droga por vez, obtendo por meio desse procedimento as características farmacodinâmicas da substância testada. Não se experimentam várias drogas ao mesmo tempo, por ser mais racional e para impedir as interações entre os diferentes medicamentos. Hahnemann só mudava a prescrição se o quadro sintomático sofresse uma alteração e depois que o primeiro medicamento administrado já não atuava no organismo doente.
O clínico homeopata procura sempre que possível individualizar o quadro sintomático do paciente para encontrar o seu simillimum. O remédio único constitui um dos fundamentos mais importantes da Homeopatia sob o ponto de vista médico-científico e o mais difícil de ser realizado na prática, pois exige do clínico conhecimentos bastante profundos da matéria médica homeopática.


ESCOLAS HOMEOPÁTICAS

Vários motivos levaram ao surgimento de diferentes escolas homeopáticas: a complexidade da doença observada, a imprecisão dos sintomas, o desconhecimento dos princípios homeopáticos, o processo de industrialização do medicamento homeopático, a inexistência de patogenesias capazes de cobrir a totalidade dos sintomas observados no doente, a necessidade do estudo constante e a experiência clínica particular de alguns homeopatas. As principais escolas homeopáticas são o unicismo, o pluralismo, o complexismo e o organicismo.

No UNICISMO o clínico prescreve um único medicamento, à maneira de Hahnemann, com base na totalidade dos sintomas do doente (simillimum).
Exemplo de receita unicista:
Sepia 12CH
Pingar 10 gotas diretamente na boca, 2 vezes ao dia

Existe uma variante do unicismo Hahnemanniano, o Kentismo. Os seguidores de James Tyler Kent (1849-1916), médico norte-americano, responsável por realizar experiências com altíssimas potências, além do remédio único, utilizam uma única dose, geralmente em potências superiores à 1.000FC (milésima potência preparada por aparelho de fluxo contínuo).
Exemplo de receita Kentiana:
Phosphorus 10.000FC líquida
Tomar todo o conteúdo do frasco, de uma só vez, em jejum.


No COMPLEXISMOo clínico prescreve dois ou mais medicamentos para serem administrados simultaneamente ao paciente.
Exemplo de receita complexista:
Hydrastis canadensis 6CH, 20ml, 1 frasco
Hepar sulphur 6CH, 20ml, i frasco
Kalium bichromicum 6CH, 20ml,1 frasco
Pingar 5 gotas de cada um dos medicamentos, diretamente na boca, de 2 em 2 horas.


Outro exemplo:
Eupatorium 5CH      

Bryonia alba 6CH         aa  qsp  30ml
Allium cepa 6CH
Tomar 5 gotas 4 vezes ao dia

No complexismo industrial existem formulações farmacêuticas pré-elaboradas com associações medicamentosas afins, ou seja, que englobam um grande número de sintomas relacionados a certa doença. São os chamados complexos ou específicos homeopáticos que têm por objetivo tratar enfermidades específicas (gripe, sinusite, cistite, abcessos, etc), sem considerar a individualidade e a integridade orgânicas. Na maioria das vezes proporcionam efeito meramente paliativo. Os compostos alopatizam a Homeopatia, tratam das doenças e não dos doentes e neste caso, a lei dos semelhantes é ignorada. Entretanto, por meio deles, as populações carentes e distantes dos grandes centros têm a possibilidade de serem tratadas com medicamentos homeopáticos, mesmo sem a presença do médico e farmacêuticos homeopatas. Os complexos industrializados recebem nome de fantasia, devendo ser registrados no Ministério da Saúde.

No ORGANICISMOo clínico prescreve o medicamento visando aos órgãos doentes, considerando as queixas mais imediatas do paciente. Essa conduta é bastante próxima da medicina alopática, que fragmenta o ser humano em órgãos e sistemas. Numa visão organicista o clínico fixa-se apenas no problema local, não levando em conta os sintomas emocionais e mentais, que podem estar relacionados ao problema.
Exemplo de receita organicista para um caso de urticária:
Urtica urens 6CH, 20ml, 1 frasco
5 gotas de hora em hora

Existem na Homeopatia os profissionais ortodoxos, são radicais que não admitem o emprego de outros recursos terapêuticos além dos medicamentos homeopáticos e os ecléticos, que os prescrevem combinados com outras práticas terapêuticas (acupuntura, medicamentos alopáticos e fitoterápicos, etc.). Cabe ao clínico ter uma vasto conhecimento das diferentes escolas médicas e sistemas terapêuticos para, com sabedoria, sem fanatismos ou radicalismos, buscar o “remédio” mais adequado ao paciente.



Um comentário:

Bem Vindo.